Antes de começar a análise, queria ressaltar que não consegui zerar o jogo, foram 54 horas em uma semana mas ainda tem muito conteúdo pra explorar e acredito que não estou nem próximo do final. Dito isso, todo o conteúdo é sobre minha experiência até o momento, e talvez finalizando o jogo algumas opiniões podem mudar. Além disso, pode conter leves spoilers de cenários e chefes nas imagens.
No inicio de Elden Ring começamos escolhendo a classe e criando o personagem, até então, estamos seguindo o ritmo de outros jogos da From Software. Encontramos o primeiro chefe e depois de morrermos ou mata-lo somos introduzidos a Melina e ao tutorial do jogo. O tutorial é importante para aprender as novas mecânicas, mas pode ser ignorado e podemos ir direto para o mundo aberto. Quando o jogador é introduzido a primeira região, Limgrave.
Limgrave mostra o potencial e o tamanho do mundo, então um npc nos explica sobre a graça que faz o papel das bonfires, e explica sobre a luz que emanam para uma direção especifica, representando quais locais é necessário ir para avançar no jogo, mas deixa bem claro que não é necessário seguir as luzes.
Pra mim, esse momento mostra toda a grandeza do jogo logo no inicio, e em poucos minutos é explicado todo o papel do jogador naquele universo, sem ser intrusivo e deixando bem claro que você tem a liberdade para explorar onde quiser, na ordem que quiser.
Exploração e mundo aberto
Por incrível que pareça, Limgrave é somente uma região como tantas outras do jogo. Existem tantos lugares para explorar em cada região, que é impossível não se impressionar. Em Limgrave, por exemplo, no sul existe uma praia com uma caverna, no norte podemos encontrar um chefe opcional e avançar para um castelo, no oeste tem uma dungeon e um acampamento e no leste um pântano com ruínas e um dragão habitando a área. Esse é, somente um exemplo de alguns locais que podem ser encontradas logo no inicio, mas existem muitas e muitas outras áreas para se explorar. O ritmo de exploração é o que mais me impressionou em Elden Ring, o último jogo que eu vi ter uma estrutura de mundo tão divertida foi Zelda Breath of the Wild. Todas as regiões são incríveis e diferentes das outras, seja com inimigos diferentes, flora diferente, npcs e afins. A exploração das dungeons e cavernas normalmente seguem uma estrutura parecida com alguns inimigos comuns habitando a área e no fim um chefe, mas mesmo dentro dessas áreas existem bifurcações com alguns segredos e outros itens ou até mesmo um chefe opcional.
Além das dungeons normais existem as grandes dungeons do jogo, que são normalmente os castelos, o primeiro castelo, o Stormveil Castle, é um exemplo ótimo disso, com muitas áreas para conhecer, seja horizontalmente ou verticalmente, com muitos segredos, atalhos, npcs e inimigos. Acredito que o mundo aberto e a exploração do mesmo seja o ponto mais forte do jogo, todas as áreas são gigantescas e com muito conteúdo, em nenhum momento durante meu jogo, algo me impossibilitou de explorar, nenhuma parede invisível ou npc dizendo que não posso passar. É uma exploração muito orgânica, que muitas vezes você nem percebe que está explorando e sim só vagando com seu cavalo e de repente encontra algum segredo. A trilha sonora também influencia muito, a música ambiente sempre consegue expressar quando é um local tenso ou calmo, no próprio Stormveil Castle a trilha sonora gera um clima que a qualquer momento podem te encontrar dentro do castelo.
Narrativa e a forma de contar uma história
Assim como em outros jogos da série souls, Elden Ring também não tem uma narrativa intrusiva, é contada por meio de diálogos com npcs e descrição de itens, raramente vão ter cutscenes para explicar os acontecimentos do jogo, somente em momentos muitos essenciais. Mas mesmo com a narrativa sendo contada de maneira parecida com outros soulslikes, a história aqui tem um pouco mais de "pé no chão", não existem tantos segredos em itens e só em conversas simples com npcs, é fácil de entender o que está acontecendo. Talvez essa facilidade para entender a narrativa pode estar relacionada com a participação do escritor George R.R. Martin no desenvolvimento da narrativa, além disso, Elden Ring tenta ser um pouco menos nichado que os outros jogos da empresa, e a mudança leve na estrutura de contar a narrativa pode ter influencia nisso, para atrair mais jogadores. Mas mesmo com a estrutura de contar a história de forma mais encaixada, ainda existem vários segredos, principalmente nas missões secundárias dos npcs. Em Elden Ring também é possível ver a inspiração na obra Berserk, que Hidetaka Miyazaki já disse publicamente ser fã, e aqui temos npcs, inimigos, locais e armas claramente inspiradas na obra.
Infelizmente, Elden Ring tem o mesmo problema de Zelda Breath of the Wild, a falta do senso de urgência incomoda um pouco. É um pouco desconfortável a narrativa do jogo rolando no fundo enquanto o jogador pode ignora-la e simplesmente matar alguns caranguejos na praia. Essa é a primeira experiência da From Software com um mundo aberto, então já era de se esperar algumas falhas, mas definitivamente não atrapalham no decorrer do jogo.
Mecânicas e a reformulação da antiga fórmula
O flow de combate de Elden Ring segue o mesmo dos outros jogos da série souls, tomando sempre muito cuidado com a estamina, mana e vida, que são extremamente essenciais para todos os combates. Considerando que muitas vezes podemos morrer por não ter estamina suficiente para desviar de um ataque, ou até mesmo deixar de matar um inimigo especifico pelo mesmo erro. Mas Elden Ring traz novas mecânicas e atualiza as antigas para ficarem mais divertidas e práticas para os jogadores. Uma dessas mecânicas é o Torrente, que é um cavalo espectral, que além de meio de locomoção é ótimo em batalhas, principalmente contra grandes chefes, mas o cavalo também usa estamina e pode ficar sem vida e caso ele morra, é necessário gastar uma carga da poção de vida para poder chama-lo de volta. Além disso foram introduzidas as mecânicas de pulo e stealth, que, respectivamente, permitem uma maior verticalidade para o jogo, que até então não existia em nenhum outro da From Software em exceção de Sekiro. O stealth permite muitas vezes evitar combates ou tentar matar um acampamento escondido. Algumas mecânicas reajustadas são as Cinzas da Guerra, que podem ser equipadas nas armas e escudos, são habilidades próprias para cada arma, funcionam como as Weapon Arts do Dark Souls 3, mas com mais liberdade de customização para cada arma. Essas mecânicas novas fazem com que o jogo ganhe um novo ar, e definitivamente mudam completamente a forma de pensar em exploração e modificação de armas, sendo completamente diferente de todos os outros jogos da empresa.
Problemas atuais
Estou adorando o jogo e mesmo com 54 horas ainda sinto vontade de continuar jogando, mas é impossível ignorar os problemas atuais do jogo, felizmente a maior parte deles pode ser corrigido. O primeiro problema claro é a performance, o fps fica as vezes estável, mas sempre abaixo de 60 e com muito slow downs, e isso não só no meu computador, em muitos benchmarks é possível perceber o fps indo e voltando até em placas de vídeo mais fortes, mas considerando que é um lançamento recente, algumas atualizações vão tentar corrigir isso. Além da performance, algumas mecânicas estão claramente quebradas, como a de segurar algumas armas com duas mãos e a de usar armas de duas mãos em cima do cavalo, como também o stealth que tem muitos problemas e que só serve normalmente para matar um inimigo, porque faz muito som e alerta todos os outros por isso. O dano de queda também está completamente desbalanceado, principalmente em cima do cavalo, muitas vezes pulei de um mesmo lugar, algumas vezes morri de queda e outras não tomava nem dano, mas todos esses problemas acredito que serão corrigidos rapidamente. Relacionado a problemas que acredito que não serão corrigidos, pelo menos não pela própria From Software, são as faltas das novas tecnologias, como ultra wide e DLSS/FSR, para um jogo de 2022, praticamente "next gen" é quase inacreditável ele não ter nenhuma das tecnologias mais recentes que poderiam fazer o jogo ficar muito melhor em várias maquinas, acaba parecendo que foi um porte apressado dos consoles implementado para os pcs.
Vale a pena?
Pra quem já está habituado com outros soulslike, é uma pedida obrigatória, mas acredito que para fãs de rpgs como The Witcher, Skyrim e afins e pensa em começar Elden Ring, talvez seja melhor jogar um dos Dark Souls para pelo menos se acostumar com o flow de combate e não acabar se frustrando. Para os jogadores de consoles, o jogo vale muito a pena, o fps nos consoles está super estável e com certeza são as melhores plataformas para se jogar Elden Ring, mas o preço tá um pouco alto, se for comprar tenha certeza que é seu tipo de jogo. Para os jogadores de pc, o jogo ainda tem muitos problemas e recomendo pesquisar direitinho sobre a performance na sua máquina, porque ele está com requisitos muito altos e com uma performance bem abaixo do esperado, até em pcs mais fortes. Pessoalmente, Elden Ring é meu jogo do ano, até agora, e está no meu top 3 jogos favoritos.
Conclusão
Elden Ring é incrível e com certeza vai ser um jogo falado por muito tempo ainda (inclusive por mim rs). Se gostou do texto, recomendo ler os outros do site e se puder, compartilhe com amigos. Da muito trabalho pra fazer um texto desses e eu dei meu melhor para jogar o suficiente e comentar um pouco sem dar muitos spoilers, principalmente sobre a narrativa. Muito obrigado por ler!
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