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Tá tudo bem não gostar de tudo - Atomic Heart

Foto do escritor: Pedro LopesPedro Lopes

Quando falamos de entretenimento estamos diretamente falando de hype e expectativas, e acredito que hoje em dia seja impossível fugir pelo menos um pouquinho das expectativas. Dito isso, evitei quase tudo que foi anunciado nas conferências de jogos, não foi proposital mas por causa do trabalho e outros motivos acabou que deixei pra lá, e agora tem vários jogos lançando e no geral minha reação é "olha só! um jogo novo, parece legalzinho" e nesse processo conheci Atomic Heart, e sim, essa é uma preview do jogo. Alguns amigos estavam falando sobre ele e acabei jogando, sem nenhuma expectativa, pra tirar minhas próprias conclusões. Até então tudo que eu sabia era que tinha algo relacionado a união soviética e bioshock, ou seja, parecia bom.

E foi nesse processo que eu entendi que talvez, nem tudo seja pra mim. Na verdade eu já tinha entendido isso antes, mas esse jogo transpareceu bastante desse sentimento.

Como é uma preview, já deixo claro que não zerei o jogo, na verdade, só fiz a primeira missão, então tudo que eu falar aqui é baseado nesse período que joguei.




O primeiro ponto é a ambientação, de longe essa é a parte que eu mais gostei. No começo antes de começar realmente o jogo, enquanto vemos a cidade e conhecemos um pouco da história do jogo é impressionante como houve um esforço pra deixar tudo muito imersivo e com bastante sentido narrativo. Os prédios com detalhes futuristas mas ao mesmo tempo arquitetura antiga, os carros que remetem a carros clássicos mas com detalhes robóticos e todos os robôs humanóides que transitam pela cidade. Entretanto, tudo ficou meio raso quando o jogo começa de fato e ficamos a missão inteira dentro de uma base militar, que é monocromática e nada demais no geral. A base não tem uma ambientação ruim, mas é inevitável perceber o contraste entre a base e a cidade, saímos de um lugar com várias cores, objetos chamativos e vamos pra uma base com paredes brancas na maioria das salas. Mas ainda assim, esse continua sendo o melhor ponto do jogo pra mim.


A estrutura da missão, pelo menos da primeira, segue em um modelo parecido com o que resident evil faz, de precisar resolver alguns quebra cabeças pra ir acumulando peças pra resolver a missão. No geral, gosto desse tipo de estrutura de missão, mas sempre acho um pouco maçante ter que ir e voltar de um ponto a outro, mas isso é algo pessoal. Algo que pode vir a ser um problema dependendo do jogador é que essas missões são bem guiadinhas, e como se trata no geral de resolver quebra cabeças, pode acabar tirando a graça da coisa pra alguns, mas sinceramente sem os indicadores de onde ir eu não teria passado nem da primeira sala do jogo. Meu maior problema é que a primeira missão se estende demais, fiquei 3 horas nela e em vários momentos me perguntei se o jogo seria só naquela área ali, mas felizmente não é só ali. Mas entendo que as vezes o jogo ser um pouco inflado não é ruim, mas devido ao meu tempo e por ter jogado durante o feriado de carnaval acho que me preocupei mais do que deveria com isso.


Em relação ao combate, o jogo tenta fazer muitas coisas, e não parece acertar em nenhuma delas, o que é meio triste de se pensar. Por exemplo, ele tem os poderes da luva que se assimilam bastante com as magias de bioshock, mas tem um problema de que o jogo logo de cara já te introduz a todos os poderes, mesmo que seu personagem só possa equipar 2 por vez. E essa questão de introduzir todos de uma vez é que alguns são claramente muito mais fortes do que outros, pelo menos para aquele momento do jogo. Usando o antigravitacional junto com a perk de dar dano nos inimigos quando caem no chão, consegui matar um dos chefes da área, foram literalmente dois tiros de escopeta e a habilidade e a vida do chefe dissolveu. E não é uma questão de todas as habilidades são extremamente desbalanceadas, algumas na verdade são quase irrelevantes. A de gelo por exemplo, é praticamente algo que faz o inimigo ficar mais lento, e mesmo assim precisa de 2 ou 3 machadas pra ele morrer, mesmo que congelado. Não tinha motivo pra que querer usar outras habilidades quando praticamente só uma já resolvia todo o problema.

Então, como esses problemas poderiam ser resolvidos? bom, uma evolução gradual na forma que conseguimos as habilidades seria bem mais interessante que poder simplesmente comprar as habilidades que eu quero no momento que eu quero. E em relação as habilidades muito fortes, a maneira mais simples seria agir de maneira mais punitiva com o uso dessas habilidades, ao invés delas serem baseadas em cooldown poderia ter algo como energia, ou algo que impedisse de usar essa habilidade. Entenda que, são detalhes pequenos e simples, mas que deixam a experiência do combate tão frustrante por ser simplesmente forte demais, e não existe o argumento de "é só não usar", se está no jogo, se o gamedev pensou naquilo, então é pra ser usado, e a ideia dos jogadores buscarem o desafio até é legal, mas o jogo não foi pensado pra isso.

Sobre o combate com armas, pelo menos nesse começo ele passa bastante a impressão de inimigos esponja de dano, os inimigos reagem aos golpes mas no geral demora muito para serem derrotados, principalmente os robôs, mas os seres biológicos também demoram 3 machadadas pra caírem. E nesses momentos questiono novamente o que o combate desse jogo queria ser, o dash é desengonçado e se foi tentando imitar doom eternal então foi tudo por água abaixo. A parte mais sandbox do jogo só é útil em alguns inimigos e mesmo assim parece que só é possível pegar os objetos que o jogo quer que você pegue, caso contrário terá um vaso de planta grudado com toda a força no chão. Pelo menos o gunplay é o feijão com arroz, não tem nada demais, mirar, atirar e fazer o básico, mesmo assim leva alguns tiros pros inimigos caírem.


O ponto que mais me incomoda disso tudo é que o combate é uma das coisas que você mais vai precisar usar durante o jogo, e é muito frustrante esse recurso básico ser simplesmente mediano, sem ser satisfatório nem nada, e muito disso se dá pelo jogo querer ser tanta coisa de uma vez só, o dash é desnecessário, o gunplay podia ser mais próximo ao do próprio bioshock pra fazer mais sentido com as habilidades e as habilidades por si só podiam ou ser balanceadas ou ter uma maneira mais progressiva de desbloquear. E só com essa pequena lista é possível ver como que no geral o meu pedido é que o jogo pudesse dar um passo pra trás e repensar se realmente precisava ser tanta coisa.



Depois de tanto sobre o combate, venho tentar falar um pouco sobre história. Não vou fazer uma sinopse do jogo porque é uma preview, e acredito que esse começo seja o mais feijão com arroz possível, entretanto, me incomoda um pouco como o jogo migra de tentar algo complexo para o motivo mais raso que eu poderia imaginar. Nesse início inteiro tudo que era falado da história eu já tinha elaborado na minha cabeça que seria aquilo, não é como se eu quisesse procurar pelo em ovo, mas é tudo muito previsível. E me incomoda um pouco como eles usam uma narrativa interessante sobre a união soviética como fachada para um jogo de dar tiro em robô, e até eu sou suspeito a falar porque no começo eu tava entretido, achando legal a história da URSS, a praça com estátuas do Lenin e Marx, mas assim que realmente começou o jogo meu pensamento foi "ah, então... era pra isso...".

Sobre os personagens, o protagonista é extremamente genérico, quando ele aparece a primeira vez em terceira pessoa parece que é um daqueles agentes de jogo de tiro que aparece na capa. As falas deles são sempre em tom de agressividade ou tem alguma piadinha dele ser burro e não lembrar do passado. A luva, em contrapartida é esperta e tá sempre tentando ajudar, mas no final sempre leva alguma resposta mal educada do protagonista. Outros personagens que aparecem na trama são genéricos e esquecíveis, alguns, como é o caso da máquina de upgrade parece ser um caso de adultos tentando pensar em coisas que vão fazer o jovem dar risada, e pra isso ele cria um robô que só tem falas voltadas pro lado sexual que é mais desconfortável do que qualquer outra coisa.


Quando no início da preview eu digo nem tudo é pra mim, é porque esse jogo realmente não me fisgou em nada. E no geral, ele parece um jogo de trailer, que tudo é feito pra impressionar no trailer, mas na prática mesmo não é tão legal assim. É um pouco triste porque pra mim esse jogo vai ser um daqueles esquecíveis, e não tem muito o que tirar dele que eu traria para outros jogos. Normalmente eu não faria uma preview, porque iria preferir zerar o jogo pra depois produzir uma review, mas sinceramente não estou tão disposto a zerar agora, quem sabe em outro momento eu venha mais de mente aberta pra terminar o jogo. Até porque fico pensando talvez eu seja um dos personagens daquela imagem de duas pessoas indo atrás de diamante em uma caverna, onde um desiste de cavar perto dos diamantes e o outro continua até o fim, mas não vou elaborar esse pensamento.


Obrigado por ler até aqui! Me desculpa se eu estraguei de alguma maneira o que você esperava do jogo, mas tenho que lembrar que o jogo não funcionou para minha pessoa, pode ser que outra pessoa jogue e vire o jogo favorito dela, então, não deixa essa preview tirar sua vontade de jogar, viu?


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